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Equipe da Genesis inova ao realizar FIV em óvulos maduros coletados de ovários retirados cirurgicamente de paciente com câncer

Em setembro, a Genesis – Centro de Assistência em Reprodução Humana – participou do 26º Congresso da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (CBRA 2022), importante evento que reúne profissionais brasileiros e estrangeiros da área para trocas e atualizações de conhecimento.

Durante o evento, a bióloga e embriologista da Genesis Íris Cabral recebeu o Prêmio Tsutomu Aoki por seu trabalho científico “Normal embryo development and early pregnancy resulting from ICSI of vitrified-warmed ex vivo retrieved mature oocytes in a woman with bilateral ovarian carcinoma”. O caso é inédito no meio científico. Segundo Íris, grande parte do mérito do trabalho está na parte clínica. O trabalho foi realizado coletivamente, e o médico Bruno Ramalho, parceiro da Genesis há mais de uma década, foi o responsável para que os resultados pioneiros fossem alcançados.

Ao todo, o estudo foi realizado por oito autores: Bruno Ramalho de Carvalho, Íris de Oliveira Cabral, Taise Moura Franceschi, Geórgia Fontes Cintra, Leandro Santos de Araújo Resende, Janina Ferreira Loureiro Huguenin, Luiz Eduardo de Almeida Prado Franceschi e Andrea Tatiane Oliveira da Silva Barros.

Confira abaixo a entrevista com o Dr. Bruno para entender o ineditismo do caso.

1.Qual foi o objetivo do trabalho e o que vocês analisaram/conquistaram?

O caso relatado foi de uma mulher, jovem e sem filhos, com câncer nos dois ovários e que, por isso, tinha indicação de removê-los cirurgicamente. Nesses casos, o congelamento de óvulos para preservação da fertilidade encontra uma barreira, já que normalmente fazemos a coleta através da aspiração transvaginal e isso poderia levar à disseminação de células tumorais para a cavidade pélvica. Assim, com apoio da equipe de cirurgia oncológica e do laboratório Genesis, coletamos os óvulos imediatamente após a remoção dos ovários, ainda na sala de cirurgia.

Agora em 2022, após remissão da doença, a paciente retornou para dar continuidade aos planos de maternidade, contando com a cessão temporária do útero de sua irmã. A fertilização in vitro foi realizada e, depois de constatarmos desenvolvimento embrionário normal no laboratório e da transferência de dois embriões, veio a primeira gravidez de que se tem notícia, a partir dessa abordagem.

2. Por quanto tempo você acompanhou a paciente?

Acompanhei a paciente desde o diagnóstico do câncer até a primeira ultrassonografia gestacional, por volta das 6 semanas de gravidez. Hoje, ela segue pré-natal no serviço de obstetrícia de escolha, mas mantemos, a distância, o acompanhamento da evolução. Hoje a paciente está no segundo trimestre e tudo corre muito bem.

3. O que torna o trabalho inédito?

O desenvolvimento normal dos embriões e a gravidez em curso, a partir da fertilização in vitro de óvulos maduros captados fora do corpo, depois de retirados cirurgicamente os ovários estimulados.

4. Qual foi a metodologia utilizada para o eventual sucesso da gravidez da paciente envolvida no caso? Como foram as etapas?

As etapas foram semelhantes às de um tratamento habitual de reprodução assistida, com exceção da captação dos óvulos.

5. Quais eram os principais impeditivos?

A gravidez é inédita, mas só se tem registro de cinco relatos de captação de óvulos maduros após ooforectomia. O quinto, inclusive, foi realizado pela nossa equipe, também aqui em Brasília, um ano antes. Esse quinto relato foi publicado na Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, em janeiro de 2021.

6. O que esse estudo traz de novidade para a área de reprodução?

A coleta de óvulos maduros, a partir de ovários estimulados, realizada imediatamente após a retirada cirúrgica dos ovários passa a ser uma alternativa viável de preservação da fertilidade no câncer de ovário e elimina o risco de alterar o prognóstico da doença pelo extravasamento de células tumorais à pelve, potencialmente associado à aspiração transvaginal.

“Para mim, foi uma grande alegria conduzir esse caso. A preservação de óvulos em situações oncológicas é um tema ainda pouco conhecido e, para os casos de câncer de ovário, de difícil execução. E a Genesis foi, como sempre, uma grande parceira para que tivéssemos sucesso”, conclui o Dr. Bruno.

Por Gabriela Brito Conversa | Estratégias de Comunicação Integrada