A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é o distúrbio hormonal mais comum entre as mulheres e chega a afetar de 5 a 20% das mulheres em idade reprodutiva e atualmente é a principal causa de infertilidade por disfunção ovariana. “As mulheres com SOP, independente da idade e peso, tem 2,5 vezes mais chances de apresentar problemas no metabolismo”, comenta Natália Paes Barbosa, ginecologista e obstetra da Genesis Brasília.
O diagnóstico é feito pelo médico ginecologista e baseia-se na presença de, pelo menos, dois dos critérios a seguir:
– Distúrbio menstrual;
– Sinais de hiperandrogenismo clínico ou laboratorial, ou seja, aumento de andrógenos, como a testosterona;
– Aspecto policístico dos ovários na ultrassonografia, com o volume ovariano maior que 10 cm³ e presença de 12 ou mais folículos medindo entre 2 e 9 mm.
SINTOMAS – Os sintomas da síndrome dos ovários policísticos são variados, mas deve-se suspeitar da doença diante de irregularidade menstrual e em mulheres obesas, pois os principais sintomas estão relacionados com ciclos menstruais longos ou ausência de menstruação, sobrepeso ou obesidade, aumento de pêlos, acne e queda de cabelos.
“Pelo menos 50% das mulheres com SOP têm sobrepeso/obesidade. A obesidade está associada à função anormal do eixo hipotálamo-hipófise-ovário (HHO) que contribui para o desenvolvimento da síndrome. Este excesso de peso está associado com a resistência à insulina e ao aumento compensatório dos níveis de insulina”, explica a especialista.
A insulina favorece a secreção desordenada de hormônios e, consequente, a produção aumentada de androgênios. Fatores de crescimento e inflamatórios são mais recorrentes na obesidade e podem estimular a produção de androgênios.
O tratamento inicial indicado para mulheres diagnosticadas com a SOP está relacionado com o estilo de vida da paciente: é indicado a perda de peso por meio de dieta e atividade física. “A redução de peso em cerca de 5% das mulheres pode restaurar a menstruação e melhorar a função ovariana. Mulheres com SOP que não desejam engravidar podem usar os anticoncepcionais, prescrito pelo ginecologista, para regular o ciclo menstrual e controlar a doença’, afirma Natália Paes Barbosa.
INFERTILIDADE – A SOP é a causa mais comum de infertilidade por anovulação, ou seja, por falha nos ovários. As baixas taxas de gravidez estão associadas ao excesso de andrógeno, obesidade e resistência à insulina.
Pacientes diagnosticadas com a síndrome dos ovários policísticos podem engravidar espontaneamente. Nas mulheres que desejam engravidar e tem menos de 35 anos, pode-se liberar para tentativa de concepção espontânea por 6 meses, sem investigação adicional. Após 35 anos ou depois de 6 meses de tentativa, recomenda-se investigação mínima para encontrar a técnica mais adequada que induza a ovulação.
RISCOS – De acordo com a especialista, “mulheres diagnosticadas com a síndrome dos ovários policísticos tem até duas vezes mais chances de terem também a síndrome metabólica, caracterizada como um conjunto de fatores de risco que ocasionam a diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares”
As mulheres com SOP também têm risco aumentado para o desenvolvimento de câncer do endométrio devido à exposição prolongada do endométrio ao estrogênio e à proliferação celular alterada. Nas mulheres grávidas, a doença aumenta as chances de aborto, pré-eclâmpsia e diabetes gestacional.
É muito importante que as mulheres marquem consultas com ginecologista regularmente e estejam atentas a qualquer disfunção em seu corpo, tendo em vista que a SOP também tem impacto psicológico e pode desencadear depressão e ansiedade”, finaliza Natália Paes Barbosa.
Por Larissa Sampaio
Conversa Coletivo de Comunicação Criativa