Um estudo conduzido pelo Instituto de Câncer da Holanda apontou que não há relação comprovada entre a realização de tratamentos de reprodução assistida e o aumento de casos de câncer de ovário invasivo e borderline (com baixo potencial de malignidade). A pesquisa, cuja íntegra ainda não foi publicada, foi apresentada no último mês de junho em Viena (Áustria), durante um dos mais importantes eventos científicos da área, o 35º Encontro Anual da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia.
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores acompanharam dois grupos durante 22 anos: um de 30.636 mulheres que receberam estimulação ovariana em um dos doze centros de fertilização in vitro holandeses e outro de 9.969 mulheres que buscaram tratar sua infertilidade sem recorrer à reprodução assistida. O estudo apontou que o risco de desenvolver câncer de ovário no grupo que foi submetido à FIV não aumentou em relação ao grupo que não utilizou a técnica.
Antônio César Paes Barbosa, ginecologista e sócio da clínica Genesis, participou do evento em Viena. Para ele, além tranquilizar as mulheres inférteis que desejam recorrer à fertilização in vitro, o trabalho mostra que a medicina reprodutiva se preocupa com uma análise muito mais global e não apenas com o momento de estimulação ovariana, feita com o uso de hormônios para que os folículos cresçam e o número de óvulos disponíveis para a fecundação aumente.
“O estudo permite dizer que não é possível inferir o risco oncológico baseando-se apenas na elevação do nível de estrogênio pela qual a mulher passa durante aproximadamente dez dias, ou seja: não existe comprovação científica de que a estimulação é fator determinante para ocorrência de câncer de ovário”, pondera. “Enquanto profissionais, nós nos preocupamos com a saúde da mulher e de seus respectivos filhos em longo prazo”, acrescenta.
Infertilidade – Segundo a Organização Mundial da Saúde, são considerados inférteis – incapazes de ter filhos – casais que mantêm relações sexuais sem métodos contraceptivos por doze meses e ainda assim não conseguem engravidar. No Brasil, estima-se que cerca de oito milhões de pessoas sofram com a condição.
A infertilidade atinge tanto homens quanto mulheres e pode ser causada por diversos fatores. Após um ano de tentativas infrutíferas, o casal que deseja ter filhos deve procurar ajuda médica para escolher o tratamento mais adequado. Mulheres acima de 35 anos devem fazê-lo após seis meses de tentativas fracassadas. Existem diversas técnicas de reprodução assistida que podem auxiliar o processo de engravidar.
Câncer de ovário – De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), a infertilidade é fator de risco para o câncer de ovário. Estima-se que em 2018 tenham surgido 6.150 novos casos da doença. O avanço da idade, obesidade, genética e histórico familiar também são fatores que podem aumentar o risco de desenvolver a doença.
Por Gabriela Brito Conversa Coletivo de Comunicação Criativa