Muitas pessoas desejam ter filhos, mas nem todas conseguem isso naturalmente. Mesmo sendo saudáveis e mantendo relações sexuais regulares sem uso de método anticoncepcional, a chance de uma gestação natural em seres humanos gira em torno de 20%. “A espécie humana não é muito fértil”, explica o ginecologista e sócio da Genesis Dr. César Barbosa.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), são considerados inférteis casais que mantêm relações sexuais sem métodos contraceptivos por 12 meses e ainda assim não conseguem engravidar. Estima-se que cerca de 15% dos casais no mundo sofram de infertilidade. Isso não significa, todavia, que o sonho de ter um bebê seja impossível.
É aí que, dentre outros procedimentos, as técnicas de reprodução assistida como a fertilização in vitro (FIV) podem ajudar. Ela é, atualmente, o procedimento da Medicina Reprodutiva que oferece mais chances de gestação para quem enfrenta a infertilidade.
Estima-se que mais de 8 milhões de bebês no mundo já nasceram com a ajuda deste método. No Brasil, o 12º Relatório do Sistema Nacional de Produção de Embriões (SisEmbrio), elaborado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), aponta que o número de ciclos de fertilização in vitro realizados em 2018 no país foi 16% maior do que o do ano anterior – 43.098 ciclos, contra 36.307 em 2017.
Indicação
A fertilização in vitro é normalmente indicada em casos de alterações graves no resultado do espermograma (exame para avaliar o sêmen), obstruções na trompa, laqueadura, vasectomia, fatores genéticos que possam afetar a sobrevida da prole, casos de abortamentos de repetição, tratamentos para evitar doenças hereditárias, dentre outras.
Mas a indicação da técnica deve ser realizada após avaliação médica especializada para detectar as possíveis causas de infertilidade da mulher ou do homem e a possibilidade de outras alternativas terapêuticas. O diagnóstico pode demandar a realização de exames hormonais, laboratoriais, morfológicos, genéticos, imunológicos, de imagem, entre outros.
Fatores Importantes
Vários fatores podem interferir no êxito da fertilização in vitro. Para o Dr. Adelino Amaral, ginecologista e sócio da Genesis, um dos principais fatores prognósticos é a idade da mulher, que está relacionada à quantidade e à qualidade de óvulos que se obtém no tratamento. Quanto mais óvulos a mulher conseguir no processo de estimulação ovariana, maiores serão as chances de engravidar.
“Depois dos 35 anos, há uma queda importante na reserva de óvulos. Consequentemente, a cada ano que passa depois dessa idade, há uma diminuição da probabilidade de gravidez”.
Dr. Adelino Amaral, sócio da clínica Genesis
“Todavia, depois dos 35 anos, há uma queda importante na reserva desses óvulos. Consequentemente, a cada ano que passa depois dessa idade, há uma diminuição da probabilidade de gravidez”, acrescenta.
O laboratório de reprodução assistida é a alma do sucesso de um tratamento.
Por isso, o outro ponto crucial é a qualidade do laboratório e sua equipe, tendo em vista a necessidade de longo e complexo treinamento para a manutenção das boas taxas de sucesso do serviço. Todos devem ser capacitados a realizar todas as técnicas de reprodução assistida, desde o preparo adequado de sêmen para inseminação intrauterina à fertilização in vitro convencional ou com injeção intracitoplasmática de espermatozoide e procedimentos complementares, a exemplo do estudo genético embrionário.
Cinco mitos e verdades sobre a FIV
1) A técnica é 100% eficaz.
Mito. Como em todo procedimento médico, a técnica tem suas limitações e depende de uma série de fatores. Em pacientes com idade inferior a 35 anos, entretanto, as taxas de sucesso podem chegar a até 60%. Acima dos 40 anos, a chance diminui para 20%. Depois dos 45, é menor que 5%.
2) Quanto mais embriões forem transferidos, maiores serão as chances de sucesso.
Mito. A taxa de sucesso depende diretamente da idade da paciente. Quanto mais jovem, maiores as chances. Transferir mais de 2 embriões em mulheres abaixo de 40 anos não aumenta a chance de engravidar, porém amplia muito a incidência de gestação múltipla.
3) A FIV aumenta o risco de gestação múltipla.
Verdade. Não necessariamente toda fertilização in vitro resultará em gestação múltipla, mas as taxas tendem a ser maiores em pacientes que se submetem a essa técnica.
4) A FIV pode ser usada para prevenir doenças hereditárias.
Verdade. Hoje já é possível a prevenção de doenças hereditárias através da análise e seleção de embriões sadios antes de transferi-los para o útero.
5) É possível escolher o sexo do bebê por meio da FIV.
Verdade. Porém tal prática é considerada antiética e proibida pelo Conselho Federal de Medicina no Brasil.