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Vai fazer um tratamento de reprodução assistida na pandemia? Atente-se a estes pontos

Se antes tratamentos de reprodução assistida, como a inseminação artificial e a fertilização in vitro (FIV), já demandavam uma série de cuidados e passos para serem executados, na pandemia de Covid-19 eles precisaram ser redobrados e, em alguns casos, adaptados. Além disso, a quarentena e o trabalho em casa também geraram mudanças comportamentais que afetaram esse cenário.

O que muda – O procedimento é cancelado caso a pessoa contraia Covid-19 no curso do tratamento. Os cuidados de prevenção devem ser redobrados nessa fase. De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), não é obrigatório realizar o exame PCR, mas deve ser feita uma triagem por sintomas.

“No começo da pandemia, estávamos fazendo somente casos oncológicos, de mulheres com baixa reserva e de idade avançada, pois demandavam mais urgência, além de recomendar o congelamento total de embriões até que se soubesse mais sobre o novo coronavírus. Hoje, o tratamento está mais aberto, mesmo para pacientes fora desses grupos mais críticos, e voltamos a transferir os embriões, pois teremos que conviver com a Covid-19 por um bom tempo ainda”, explica a ginecologista e obstetra do centro Genesis Maria Eduarda Amaral.

Precauções e indicações de especialistas – “No início da pandemia, não sabíamos ao certo o quanto essa situação iria durar. Hoje, mais de um ano depois ainda nesse cenário, percebemos que a vida precisa seguir, embora de maneira adaptada. De tal forma, os casais que estão enfrentando dificuldades para engravidar não devem postergar uma avaliação médica especializada, sob risco de terem prejuízo em suas chances de estabelecer uma família”, alerta Maria Eduarda.

Cuidados extras – Os cuidados com higienização das mãos, uso de máscaras e distanciamento social são adotados pelos serviços de saúde e devem ser estimulados para toda a população. “Além disso, incentivamos a vacinação daqueles que têm oportunidade. Vacinas salvam vidas”, reforça.

Maior busca por congelamento de óvulos – Com o sentimento de incerteza potencializado pela pandemia, muitas mulheres decidiram recorrer ao procedimento para planejar uma possível gravidez no futuro sem se arrepender de ter deixado o tempo passar. A partir dos 35 anos, tanto a quantidade quanto a qualidade dos óvulos da mulher começam a cair drasticamente. No Brasil, estima-se um aumento de 50% de casos de congelamento de óvulos.

“A pandemia certamente fez todos nós refletirmos sobre os nossos planos futuros. O movimento de aumento na procura por congelamento de óvulos é reflexo natural do período de incertezas que vivemos”, comenta Maria Eduarda.

Pandemia e natalidade – Antes da pandemia, a projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o crescimento da população do Brasil era de cerca de 1,5 milhão de pessoas no ano passado.

Segundo o Portal da Transparência do Registro Civil, contudo, em 2020 o país terminou com 1,159 milhão de pessoas a mais devido às mortes por Covid-19, à baixa natalidade e ao colapso do sistema de saúde.

Em entrevista à BBC Brasil, José Eustáquio Diniz Alves, doutor em demografia e pesquisador aposentado do IBGE, explica que a pandemia diminuiu taxas de natalidade em todo o mundo. “Quem pôde adiar a maternidade, no caso de casais jovens, adiou. (…) Mesmo que tivesse havido mais sexo (entre pessoas quarentenadas em casa), hoje em dia existe uma separação entre sexo e reprodução. Houve muito medo de a mulher grávida ficar doente, medo de o hospital estar sobrecarregado. Basta adiarem-se 20% dos nascimentos para haver um impacto grande na taxa de natalidade.”

 

Por Gabriela Brito Conversa | Estratégias de Comunicação Integrada
com informações da BBC Brasil