O mês de junho marca o Dia Internacional do Orgulho LGBT (28) e traz à tona a luta e a conquista da comunidade LGBTQIAPN+. A ciência reprodutiva avançou consideravelmente nos últimos anos e tem proporcionado a essa população uma ampla variedade de tratamentos de reprodução assistida para realizar o sonho da maternidade/paternidade.
A ginecologista e especialista em reprodução humana do Centro de Assistência em Reprodução Humana – Genesis, Dra. Maria Eduarda Amaral, falou sobre algumas das principais opções de tratamentos para a comunidade LGBTQIAPN+. Veja mais informações:
Casais homoafetivos femininos
A profissional afirma que nesses casos podem ser utilizadas as técnicas de inseminação artificial e fertilização in vitro (FIV). “Na inseminação, trabalha-se com o sêmen de um doador e é realizada uma estimulação hormonal em uma das parceiras. Isso permite estabelecer quando a mulher vai ovular. Então, injeta-se o sêmen diretamente no útero. Ou seja, não são retirados óvulos de nenhuma das mulheres e eles não são manipulados em laboratório”, comenta.
Já na FIV, a Dra. Maria Eduarda diz que é realizado um estímulo no ovário de uma das pacientes, com uma dose maior de hormônio para aumentar a quantidade de óvulos disponíveis para uso. “Eles são retirados depois da estimulação e fecundados com o espermatozoide em laboratório, fora do corpo da paciente. Dependendo do processo evolutivo deles, geralmente entre o terceiro e quinto dia, o embrião é transferido para o útero”, explica.
Essa transferência pode ser feita para o útero da mesma mulher que foi submetida à estimulação ovariana ou para o útero da parceira. Isso, de acordo com a ginecologista, depende de uma série de fatores como idade das pacientes, reserva ovariana e, principalmente, do desejo do casal. “É importante que as pacientes estejam em concordância, alinhadas ao que elas querem. É algo bastante individual e por isso necessita de um diálogo entre o casal”, complementa.
Pessoas trans
A Dra. Maria Eduarda recomenda que o cenário ideal é fazer a preservação de fertilidade antes de iniciar o tratamento hormonal para afirmação de gênero, “porque o procedimento pode causar danos tanto em homens quanto em mulheres transgêneros. Essa conscientização deve ser feita em parceria com uma equipe de ginecologistas e/ou endocrinologistas”, completa.
No contexto dos homens trans, a preservação dos óvulos pode ser idealmente feita antes da terapia hormonal. “É realizada uma estimulação ovariana para captar e congelar os óvulos para uso posterior, caso o próprio homem deseje engravidar, ou para transferência do embrião formado em uma parceria com útero.
Já em casos de mulheres trans, a coleta dos espermatozoides deve ser realizada idealmente antes da terapia hormonal, “pois os hormônios usados no tratamento inibem a estimulação de produção da espermatogênese e podem provocar alterações levando à infertilidade”, conclui a ginecologista.
Casais homoafetivos masculinos
A médica comenta que para esses casos é recomendada a FIV com utilização de óvulos doados e espermatozoides coletados de um dos parceiros do casal. Já a gestação será realizada com o procedimento em útero de substituição, também conhecida como doação temporária de útero.
“O casal deverá procurar uma doadora de óvulos anônima seguindo as normas do Conselho Federal de Medicina [CFM]. Além disso, não pode ter caráter lucrativo. No caso do útero de substituição, as doadoras devem pertencer à família de um dos parceiros num parentesco consanguíneo até o quarto grau e não podem ter mais de 50 anos, além de também não ter caráter comercial”, esclarece.