O Outubro Rosa é um mês dedicado principalmente à prevenção dos cânceres de colo de útero e de mama. Para este último, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima 73,6 mil novos casos em 2024. Já o Ministério da Saúde aponta que o seu diagnóstico e tratamento correspondem a cerca de 28% dos novos casos de câncer das brasileiras.
Segundo a ginecologista da área de reprodução humana do Centro de Assistência em Reprodução Humana – Genesis, Dra. Hitomi Nakagawa, não é infrequente a preocupação das mulheres diagnosticadas com câncer de mama em relação à sua fertilidade. Principalmente as que estão em idade fértil e desejam engravidar.
“Além da remoção cirúrgica da lesão, pode haver necessidade de tratamento complementar com medicamentos bloqueadores da função ovariana, quimioterapia ou radioterapia, que podem adiar, temporária ou definitivamente, a possibilidade de gestação”, comenta.
Em casos mais extremos, de mulheres com mutações nos genes associados também a câncer de ovário, pode ser necessário até a retirada dos ovários. De acordo com ela, isso gera a necessidade de utilizar métodos de reprodução assistida previamente para preservar a possibilidade de engravidar em momento oportuno.
A Dra. Hitomi indica que um dos métodos principais na preservação é o congelamento de óvulos. Após a coleta dos óvulos e de serem mantidos congelados, eles podem ser fertilizados pelo sêmen do parceiro ou de um doador quando a pessoa for liberada para gestar.
Por isso, a médica cita a importância do planejamento reprodutivo e de avaliar um período correto para iniciar um tratamento de reprodução assistida. “Existe uma correlação entre alguns tipos de câncer de mama com os hormônios produzidos pelos ovários, que são elevados durante a gestação. Quando há a suspeita ou o diagnóstico desse tipo de câncer, evita-se, inclusive, o uso de substâncias com hormônios como o anticoncepcional, por exemplo. Eventualmente, pode até ser indicado bloquear a produção ovariana de hormônios com medicamentos”, complementa.
A ginecologista ainda menciona estudos que apontam a possibilidade de engravidar depois de um tratamento de câncer de mama. Contudo, a prevenção ainda é fundamental. “Os estudos são bem conclusivos a esse respeito. Há casos em que a paciente volta a ovular e tem chance de engravidar espontaneamente após o tratamento. Mas a preservação da fertilidade antes da quimioterapia é o caminho para ter a possibilidade do sucesso de uma gravidez no futuro”, conclui.