O congelamento de óvulos é um procedimento de reprodução assistida que vem ganhando ainda mais popularidade entre as pessoas que desejam programar uma gravidez futura. O Sistema Nacional de Produção de Embriões (SisEmbrio), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), aponta que foram congelados 115.318 embriões no Brasil em 2023, um aumento de 32,8% em relação ao ano de 2020.
Para esclarecer ainda mais sobre o assunto, a ginecologista da área de reprodução humana do Centro de Assistência em Reprodução Humana – Genesis, Dra. Hitomi Nakagawa, respondeu aos questionamentos mais comuns sobre a técnica.
BLOG – Congelamento de óvulos é a mesma coisa que congelamento social?
DRA. HITOMI – Nem sempre, porque existe o congelamento por problemas médicos que podem comprometer a fertilidade futura da mulher. Desde 2013, as Sociedades Americanas e Europeias de Reprodução Assistida reconhecem a ideia do planejamento familiar também para mulheres que não possuem nenhuma doença que afete a fertilidade. Há mais de uma década, a vitrificação já é utilizada e faz com que cerca de nove em cada dez óvulos permaneçam com a sua capacidade reprodutiva após o descongelamento.
BLOG – O congelamento pode ser recomendado para pessoas saudáveis?
DRA. HITOMI – Sim, para todas as mulheres. Mas, principalmente para aquelas que apresentem alguma condição que possa levar a uma diminuição da fertilidade, como câncer e endometriose. Também vale para mulheres com histórico familiar de menopausa precoce, para pessoas em transição de gênero, que não têm previsão de maternidade mas querem a possibilidade de mudar de ideia no futuro, com idade próxima aos 35 anos e também para aquelas com baixa reserva ovariana, independentemente da idade.
BLOG – Como é a preparação do procedimento?
DRA. HITOMI – Após uma consulta com avaliação inicial da saúde e exames de rastreamento de infecções, a paciente deve ir à clínica no início do ciclo menstrual selecionado para o tratamento. Nessa visita, ela é submetida a um ultrassom. Se não for encontrado nenhum distúrbio ou alteração, inicia-se o estímulo ovariano por meio de medicamentos hormonais por um período que varia de 8 a 12 dias, em média. Mas, vale destacar que são feitos ultrassons seriados nesse período para verificar se a evolução dos folículos (invólucros dos óvulos) está ocorrendo de maneira adequada. Quando chegam à maturidade, a paciente retorna para coleta dos óvulos, sob sedação anestésica, com o uso de uma agulha guiada por um ultrassom transvaginal.
BLOG – Qual o valor necessário para realizar o congelamento de óvulos?
DRA. HITOMI – Todo o processo, incluindo a estimulação, coleta e congelamento, pode custar, em média, 15 reais. Já para a manutenção dos óvulos congelados, o investimento pode chegar a cerca de mil reais por ano. É importante lembrar que, se a pessoa está passando por um tratamento oncológico, pode ter a chance de cobertura pelo sistema de saúde suplementar (planos de saúde) de acordo com o Superior Tribunal de Justiça (STJ), RECURSO ESPECIAL No 1.815.796 – RJ (2019/0150440-1), desde que atenda aos critérios necessários.
BLOG – Quais as chances de gravidez ao utilizar óvulos congelados?
DRA. HITOMI – O ideal é que a paciente congele, no mínimo, 6 a 8 óvulos de uma vez, à depender da idade. Assim, poderá ter chances de até 50% e 60% de chances de um resultado positivo na gravidez. Contudo, é fundamental ressaltar que somente 30% dos óvulos fertilizados resultam em nascimento. Sejam eles congelados ou não e independente da faixa etária da mulher porque é o que ocorre na natureza. Por isso, quanto mais óvulos congelados, melhor.