Uma pesquisa realizada com mais de 100 mil mulheres brancas nos Estados Unidos apontou que há maior risco de desenvolvimento de endometriose naquelas que tiveram mais queimaduras de sol e realizaram mais bronzeamento artificial durante a adolescência e o início da vida adulta.
Os resultados mostraram que, comparadas com mulheres que nunca fizeram bronzeamento artificial, aquelas que realizaram o procedimento seis ou mais vezes ao ano quando eram adolescentes e jovens adultas tinham 19% mais risco de ter endometriose. Já as que fizeram isso entre os 25 e 35 anos tinham 24% a mais de risco. Esse número sobe para 30% em mulheres que usaram camas de bronzeamento artificial três ou mais vezes ao ano em ambas faixas etárias.
A endometriose é uma condição causada pela localização do endométrio na região externa da cavidade uterina, quando normalmente esse tecido recobre a porção interna do útero. Quando isso acontece, o endométrio pode implantar-se nos ligamentos pélvicos, vagina, tubas uterinas, músculo do útero, ovários ou até mesmo intestino, bexiga e outros órgãos.
“A doença pode levar à infertilidade feminina devido à alteração da anatomia da pelve, causada por possíveis aderências entre os órgãos ou, mais frequentemente, ao ambiente hostil causado pela resposta inflamatória local”, explica a ginecologista da Genesis Lizandra Moura.
A relação entre exposição ao sol e camas de bronzeamento artificial e risco de endometriose não são claras ainda. Os autores apontam que alta exposição a raios UV é associada a danos celulares ao DNA, à inflamação e ao risco de melanoma. Camas de bronzeamento emitem luz UVA, associada a maior risco de danos celulares e a respostas imunológicas mais fracas, fatores que foram ligados à endometriose.
Leslie Farland, professora assistente na University of Arizona College of Public Health (EUA), que conduziu a pesquisa, disse que estudos anteriores já sugeriram que mulheres com endometriose também têm mais chance de desenvolver câncer de pele (melanoma) e que, embora os fatores exatos por trás da associação entre essas duas condições permaneçam desconhecidos, diversas pesquisas apontam maior risco de endometriose em mulheres mais sensíveis à luz do sol, que não bronzeiam facilmente, têm cabelo vermelho, olhos claros e sardas. “Essas associações podem refletir uma relação genética comum entre endometriose e melanoma ou uma associação em segundo plano entre exposição ao sol e risco de endometriose”, explica a pesquisadora.
Por Gabriela Brito Conversa | Estratégias de Comunicação Integrada