Escolhas profissionais, educacionais e de estilo de vida são possíveis razões para adiar o desejo de ser mãe. Por isso, tem crescido o número de mulheres que congelam seus óvulos (criopreservação) para usá-los futuramente.
Apesar de o congelamento ser realizado já há muitos anos, o procedimento deixou de ser considerado experimental há cerca de apenas uma década. Por ser a maior célula humana, o óvulo se rompia durante o congelamento devido à formação de cristais de gelo em seu interior.
A vitrificação, técnica criada pelo Dr. Masashige Kuwayama, foi um grande marco para o procedimento: o congelamento rápido evita a formação desses cristais e garante a sobrevivência do gameta.
Convidamos o Dr. Adelino Amaral, ginecologista e sócio da Genesis, para um bate-papo sobre as principais dúvidas a respeito do assunto. Leia a entrevista e compartilhe conhecimento!
1. A idade da mulher interfere no congelamento dos óvulos?
Sim, e é um dos principais fatores. Quanto mais cedo a mulher congelar seus óvulos, melhor. A reserva ovariana é finita, e tanto a qualidade quanto a quantidade de óvulos começa a diminuir a partir dos 30 anos. “O ideal é congelar até os 35. Depois dos 40, o prognóstico piora muito”, afirma Adelino.
2. Qual a quantidade ideal de óvulos a ser transferida ou congelada?
O ideal é quanto mais, melhor. Quanto maior a idade da mulher, teoricamente mais óvulos serão necessários, porque a qualidade deles diminui com o tempo. “A qualidade dos óvulos está diretamente ligada à idade. Por exemplo, uma mulher de 30 anos que decide congelar 10 óvulos tem mais chances de engravidar do que uma mulher de 40 que congelou 20 óvulos. Mas o que se acredita hoje ser o número ideal para obter sucesso em uma fertilização in vitro seria em torno de 15”, explica Amaral.
3. O congelamento de óvulos é garantia de gravidez?
Não. O congelamento é um planejamento. “Óvulo não é um embrião ou um bebê. Às vezes, a implantação de um embrião no útero não vinga e a gravidez não acontece. É o que ocorre em 60% dos casos”, detalha Amaral.
4. Por quanto tempo os óvulos podem ficar congelados?
Por tempo indeterminado. “Provavelmente durará a vida inteira, porque interrompe-se o processo biológico. Ainda não é possível afirmar o tempo certo porque o congelamento de óvulos deixou de ser meramente experimental há cerca de 10 anos. Mas acredita-se que seja igual ao de embriões e espermatozoides e dure a vida inteira. Já existem relatos de gravidez após 21 anos de congelamento de embrião. Na Genesis, já tivemos caso de gravidez após 17 anos de congelamento de embrião”, explica o ginecologista.
5. O congelamento de óvulos é um procedimento invasivo?
Sim, é um procedimento invasivo porque, para que a captação dos óvulos aconteça, são necessárias medicações injetáveis indutoras de ovulação chamadas gonadotrofinas. Também requer anestesia para a retirada dos óvulos, feita por punção vaginal. “Normalmente é um procedimento que dura menos de 30 minutos. A paciente recebe alta em torno de 2 horas depois e está apta a retomar suas atividades no dia seguinte”, tranquiliza.
6. Existe uma fase ideal para o congelamento?
Quando o caso é oncológico, pode-se começar o processo em qualquer fase do ciclo menstrual devido à urgência de preservá-los antes dos tratamentos quimioterápicos. Em casos normais, o ideal é no início do ciclo menstrual, nos primeiros 3 dias. “Vale ressaltar que a qualidade do óvulo é a mesma, independentemente da fase do ciclo em que foi coletado. Opta-se pelo início do ciclo porque é mais fisiológico, o recrutamento folicular está no começo”, explica o Dr. Adelino.
7. Os óvulos de pacientes com câncer têm menos qualidade?
A qualidade é boa antes do início do tratamento quimio ou radioterápico. “É muito importante enfatizar que pacientes jovens com diagnóstico de câncer devem procurar serviços de reprodução humana para fazer o congelamento de óvulos antes de iniciar o tratamento”, reforça.
Casos na Genesis – O primeiro bebê da Genesis fruto de congelamento de óvulos nasceu em 2011. A clínica também foi responsável pelo nascimento de dois bebês de pacientes que tiveram câncer de mama há exatamente 2 e 1 ano atrás, respectivamente.
Por Gabriela Brito Conversa | Estratégias de Comunicação Integrada