Os dados do último Censo Demográfico divulgado recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicaram que, a partir de 2042, a população brasileira deve começar a diminuir. Além disso, as projeções apontam que, em 2070, um terço da população brasileira deverá ser formada por pessoas com 60 anos ou mais.
De acordo com a ginecologista da área de reprodução humana do Centro de Assistência em Reprodução Humana – Genesis, Dra. Hitomi Nakagawa, o fenômeno é uma tendência global para a espécie humana. “É um movimento que ocorre em todo o mundo, com maior ou menor velocidade. O Japão é um bom exemplo. No caso do Brasil, os recentes dados indicam que está acelerando. Estamos caminhando para ter uma população com mais idosos do que crianças e adolescentes”, afirma.
A profissional explica que esse cenário reflete bem o adiamento das gestações, com famílias cada vez menores ou até mesmo sem filhos. Algumas vezes, a falta de acesso à informação acaba fazendo com que as pessoas desistam de ter prole. “Em termos previdenciários, o contexto também terá reflexos irreversíveis, já que serão menos pessoas ativas para uma grande população que necessitaria receber benefícios. Ou seja, é uma mudança que afeta praticamente todas as camadas da sociedade”, comenta.
Ela explica que a gravidez tardia é decorrente de múltiplos fatores como o momento profissional, o desejo de realizar projetos que poderiam ser interrompidos pela chegada de um bebê, a ausência do/a parceiro/a ideal, e até mesmo os mitos e preconceitos sobre a parentalidade, entre outros.
“A melhor forma de lidar com esse cenário é informar a todas as pessoas, desde os profissionais de saúde e até mesmo os pré-adolescentes, obviamente de acordo com seu nível de compreensão, sobre as capacidades e necessidades reprodutivas humanas, de modo que todos possam decidir, de forma consciente, se querem ou não ter filhos”, assegura.
Na visão da Dra. Hitomi, no contexto atual, a educação sobre a saúde reprodutiva será o principal pilar para que as pessoas tenham capacidade e os insumos necessários para escolher o que fazer. “A reprodução assistida será um alento ajudando na realização do sonho de completar famílias, tanto para aquelas que estão enfrentando alguma dificuldade ou têm alguma limitação e desejam ter seus filhos, às que ainda não definiram se querem ou não tê-los e também para quem seria necessário mitigar riscos por doenças próprias ou de transmissão de enfermidades a parceiros ou filhos. Todas essas são condições em que o planejamento reprodutivo se torna mandatório”, esclarece.